Fator de risco para a COVID-19, tabagismo mata mais de 8 milhões por ano no mundo

Coordenador da UTI do Hospital Pan-Americano alerta sobre a importância de se buscar ajuda especializada para conseguir parar de fumar

Rio de Janeiro, RJ (setembro de 2021)  – Além da lista de mais de 50 enfermidades causadas em decorrência do tabagismo, pesquisa realizada recentemente pelo Imperial College de Londres com 2,4 milhões de pessoas mostrou que fumantes apresentaram 14% mais risco de infecção pela COVID-19 e 50% mais chances de desenvolver os sintomas mais graves da doença. A maior vulnerabilidade dos fumantes à COVID-19 foi confirmada também pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outra pesquisa, realizada pela Fiocruz em território nacional, aponta que 34% dos fumantes brasileiros admitiram ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia. O coordenador da UTI do Hospital Pan-Americano, Eduardo Pinto, comenta sobre a relação do tabagismo com a COVID-19. “O tema é controverso, mas pesquisas apontam que o tabaco parece sensibilizar certas enzimas que facilitam a entrada do vírus nas células pulmonares e, apesar de homens e mulheres terem taxas de infecção pelo SARS- COV 2 equiparadas, as formas graves e a mortalidade parecem ser maiores no sexo masculino e uma das explicações pode ser o hábito mais frequente do fumo neste grupo (globalmente 35% dos homens fumam, em comparação a apenas 6% das mulheres)”, explica o médico.

O Plano de Ação Global da OMS para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis 2013–2020 inclui uma meta para reduzir a prevalência global do uso de tabaco em 30% até o ano de 2025 em relação a 2010. Embora o Brasil venha reduzindo o número total de fumantes em um período recente (caiu 38% entre 2006 e 2019), dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, apontam que 9,8% da população, o que dá quase 22 milhões de brasileiros, ainda têm o hábito de fumar.

“O cigarro causa doenças pulmonares, cardiovasculares, diabetes e câncer, o que implica na morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo em decorrência do tabagismo. Entretanto, três meses após a pessoa parar de fumar já pode haver alguma melhora da função pulmonar e da circulação sanguínea. Depois de um ano, há redução do risco de infarto pela metade, e em cinco anos, uma redução substancial do risco de derrame cerebral. E as chances de câncer de pulmão caem pela metade após 10 anos sem fumar. Devemos buscar um mundo tabaco free, porém a questão envolve políticas de governo, fatores econômicos como geração de empregos e impostos e de forma realística não seria uma meta alcançável em curto prazo, mas a cruzada anti- tabagismo deve continuar tendo sustentabilidade e cada vez mais envolvimento da sociedade e de especialistas no assunto”, avalia o coordenador médico da UTI do Hospital Pan-Americano.