Síndrome da Gaiola pode causar crises de ansiedade e de estresse em crianças e adolescentes

O medo de sair de casa é um dos efeitos do isolamento social, que, apesar de essencial, pode resultar em impactos na saúde mental

Rio de Janeiro, RJ (agosto de 2021)  – Passado um ano e meio de pandemia, os efeitos do isolamento social também atingem crianças e adolescentes. Um deles é a Síndrome da Gaiola, termo criado pelo psiquiatra da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria, Gabriel Lopes. A Síndrome da Gaiola leva esse nome em alusão ao passarinho que, após ficar muito tempo na gaiola, fica condicionado ao ambiente e quando ganha a liberdade, escolhe não sair.

“Em alguns casos, a ausência de estímulos vindo do contato com o mundo externo e a interação apenas por modalidades virtuais podem gerar medo e insegurança ao sair de casa, pois o ambiente externo é percebido por eles como ameaçador, já que há o risco de contaminação pela COVID-19”, conta a psicóloga Daniele Baptista, do Hospital Pan-Americano. Outro ponto a ser ressaltado é que, na maioria das vezes, a criança ou adolescente já apresentava algum tipo de transtorno psicopatológico ou seus sintomas, sendo a pandemia o fator estressor de agravamento dos mesmos.

Daniele Baptista explica que o acompanhamento com um especialista de saúde mental é imprescindível para que as emoções sejam identificadas e tratadas antes do agravamento do quadro. A psicóloga comenta que para um desenvolvimento saudável entre crianças e adolescentes, o relacionamento social entre pares é fundamental, pois é a partir dessas relações e interações que as experiências individuais surgem, moldando o psiquismo de cada um e a forma como respondem a fatores estressores.

Por isso, é importante observar alguns sinais como choro fácil, irritabilidade, insônia ou sono excessivo, terror noturno, comportamento evitativo, falta ou excesso de apetite, falta de vontade em fazer as coisas que gostava anteriormente, entre outros. Daniele Baptista alerta que a Síndrome da Gaiola pode evoluir para transtorno de ansiedade e transtorno depressivo. Por isso, é preciso ficar atento às mudanças de comportamento.

Para atravessar esse período, os pais devem conversar com as crianças e adolescentes periodicamente para ouvir e oferecer acolhimento. As conversas com os professores e diretores das escolas também são fundamentais para ampliar a rede de atenção e de diálogo. “O ideal é que tanto os pais como as crianças e os adolescentes tenham um acompanhamento psicológico, pois as mudanças na rotina atingiram a todos e podem gerar situações de estresse e ansiedade que precisam ser monitoradas para não ocasionar o agravamento dos sintomas”, conclui a psicóloga do Hospital Pan-Americano.